quinta-feira, 10 de junho de 2010

O prazer do bolão

Em copa do mundo, todo mundo ganha. O fanático por futebol consegue o habeas corpus do cônjuge para ir ao bar assistir a um jogo com a turma. O empregado preguiçoso, daqueles que preferem mil vezes assistir por dois anos um aquário com um único peixe do que ver um Fla x Flu, dos que odeiam mesmo futebol, ganha o direito de ir embora mais cedo para torcer pela seleção. E quem gosta de futebol, mesmo que o Brasil perca na primeira rodada, ainda tem o prazer, até o último segundo de Copa, de torcer por suas apostas no bolão.

O bolão é como o alho: dá um sabor especial pra partida mais insípida. Participando de um bolão, você veste na imaginação a camisa de Trinidad e Tobago e transforma-se no décimo-segundo jogador, “ Olêêêêêê, Tobagooooo, olêêêêê Tobagoooooo”, e torce, a cada investida do escrete tobaguense (ou tobagano? Ou...?) contra a defesa bem armada da Tunísia. Pelo seu resultado, você quase chega a torcer para que o Brasil enfrente mesmo a Argentina na final, adversário que mete medo, somente pra ganhar os pontinhos no bolão da firma. E se a Copa é daquelas em que o Brasil não foi bem nas eliminatórias, há quem chegue a colocar, no bolão, visando a vitória, outra seleção como campeã. Esse estará no inferno, dividido entre a obrigação patriótica e o sucesso pessoal. Se acertar e outra seleção for campeã, será perseguido, xingado e exilado. Mas os seus detratores, quando encherem a boca para soltar um filho da p!@# traidor, no fundo da garganta terão também um carocinho de inveja pelo conhecimento futebolístico do vencedor do bolão.

Por Estevão